“Benchmarking”, “pipeline”, “downsizing” e “core business” tornaram-se parte do léxico diário de inúmeros profissionais. Esse vocabulário, frequentemente denominado “corporativês”, consiste em expressões e termos específicos empregados no ambiente corporativo. Embora possa facilitar a comunicação entre especialistas, também impacta a acessibilidade e a compreensão, além de contribuir para a gradual desvalorização da língua portuguesa no ambiente de trabalho.
Seu uso excessivo pode acarretar consequências negativas significativas nas empresas. Por exemplo, quando os colaboradores utilizam um jargão técnico sem considerar a compreensão dos colegas, isso pode gerar exclusão e criar barreiras de comunicação. Imagine um novo integrante em uma equipe de marketing, sendo bombardeado com termos como “ROI”, “KPI”, “brainstorming” e “growth hacking”. Sem um entendimento prévio desses conceitos, ele pode sentir-se perdido e desmotivado, dificultando sua integração e comprometendo seu desempenho inicial.
Outro problema é que o corporativês pode ser usado para disfarçar a falta de substância em apresentações e relatórios. Um exemplo real ocorreu em uma empresa de consultoria onde um relatório de 20 páginas estava repleto de termos complexos e sofisticados, mas no final, os clientes perceberam que poucas soluções práticas foram apresentadas. Esse uso superficial do jargão não apenas frustrou os clientes, mas também minou a credibilidade da empresa.
Esses exemplos mostram que, embora possa parecer uma maneira eficiente e profissional de se comunicar, ele frequentemente compromete a clareza e a acessibilidade. Ao criar barreiras de compreensão, gerar confusão e ocultar a falta de conteúdo relevante, pode prejudicar tanto a coesão interna das equipes quanto a relação com clientes e parceiros. Portanto, é fundamental que as empresas busquem um equilíbrio, promovendo uma comunicação clara e inclusiva que valorize a compreensão de todos os envolvidos.
Além disso, frequentemente carregado de anglicismos e termos técnicos, tem contribuído para a gradual desvalorização da língua portuguesa no ambiente profissional. A adoção indiscriminada de palavras estrangeiras pode ser vista como uma tendência de globalização, mas também representa uma ameaça à riqueza e à diversidade do idioma local.
Alguns fatores que contribuem para essa desvalorização incluem: a) Pressão por Globalização: A necessidade de competir em mercados internacionais leva as empresas a adotarem um vocabulário global, muitas vezes em inglês. b) Influência da Tecnologia: Setores como TI e marketing digital são particularmente propensos a usar anglicismos, dada a origem anglo-saxônica de muitas inovações tecnológicas. C) Percepção de Modernidade: Há uma percepção de que o uso de termos em inglês ou jargão técnico confere modernidade e sofisticação, o que pode pressionar os profissionais a adotarem essa prática.
A moda de adotar uma comunicação desprovida de personalidade e de valorização da cultura local pode ser vista como uma tentativa de se alinhar com padrões internacionais e mostrar sofisticação. No entanto, essa tendência ignora a riqueza e a diversidade da língua portuguesa e pode resultar em uma perda de identidade cultural. A ausência de personalidade pode criar um ambiente impessoal e distante, onde a autenticidade é sacrificada em nome de uma suposta modernidade.
Portanto, é crucial que as empresas equilibrem a utilização de termos técnicos e estrangeirismos com uma comunicação clara e culturalmente rica. Valorizar a língua portuguesa e promover uma comunicação que reflita a identidade e a cultura da empresa pode fortalecer os laços internos, melhorar a compreensão e criar um ambiente mais inclusivo e autêntico. Em última análise, a verdadeira eficácia da comunicação reside na sua capacidade de ser clara, acessível e genuína, valorizando tanto a eficiência quanto a cultura local.


