Mayssa Leão materializa a imensidão do cosmos em sua arte. Trata-se de uma vocação que brotou na infância, correndo descalça pela terra vermelha de Itambé. Descendente de uma linhagem de pintoras e de um ancestral espanhol, ela, a princípio, desviou seu rumo para o Direito. Com isso, buscava uma estabilidade que a afastou de sua essência e a levou a um profundo vazio existencial, culminando em depressão após três anos de prática jurídica. No entanto, a cura manifestou-se em seu retorno às origens, no Engenho Angicos de seus pais. Foi lá que, atuando como chef de cozinha, descobriu no maçarico uma ferramenta de criação.
A Revolução Pessoal e a Descoberta de uma Técnica Autoral
A pandemia de 2020 foi, sem dúvida, o catalisador de sua revolução pessoal. No silêncio do isolamento, grávida e cuidando de gêmeos, a pintura ressurgiu como refúgio. Sem telas, ela usou madeira. Posteriormente, a toxicidade da tinta a óleo após o nascimento da filha a impeliu a experimentar. Foi então que o maçarico da cozinha se uniu à tinta acrílica, dando origem a uma técnica autoral. Como resultado, essa técnica provoca explosões de cor, tornando cada obra um evento singular e irrepetível.
Reconhecimento e a Evolução para a “Cosmovisão”
O reconhecimento foi imediato, com oitenta quadros vendidos já no primeiro ano. Consequentemente, sua produção artística evoluiu da série “Pedras Preciosas”, uma homenagem à sua paixão infantil por cristais, para a grandiosidade de “Cosmovisão”. Esta última, alimentada por cursos de astronomia, estabelece um diálogo entre a beleza de paisagens cósmicas e a urgência de questões como as mudanças climáticas e a poluição espacial. “Literalmente, somos feitos de poeira de estrelas”, declara a artista. De fato, sua obra nos recorda que os átomos em nossos corpos foram gerados no coração de estrelas extintas.
Arte, Sustentabilidade e Reconhecimento no Circuito
Sua formação em Direito Ambiental reverbera em seu ateliê, onde a sustentabilidade é prática diária. Isso se reflete, por exemplo, em instalações como “Céu Artificial”, uma crítica contundente ao consumo. Além disso, o ano de 2024 solidificou sua presença no circuito artístico. Ela realizou uma exposição em Paris no mesmo salão que um dia acolheu Van Gogh, participou de salões de arte e da Casa Cor PE. É dela, também, a assinatura da obra exclusiva que homenageia os laureados da Premiação Expressão.
Projetos Futuros e o Convite à Contemplação
Seu próximo grande projeto é a exposição “Somos Poeira de Estrela” no Museu Cais do Sertão, em outubro de 2025. O evento aprofundará a reflexão sobre nossa condição de seres cósmicos habitando um planeta que precisa de cuidados. Em suma, sua arte é um convite para contemplar nossa própria gênese no céu noturno.