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Andréa Araújo: Advogando na Busca por Justiça Social

O Propósito Revelado na Advocacia

Há momentos na vida profissional em que uma simples conquista revela o verdadeiro propósito de uma carreira. Para Andréa Cristina Silva de Araújo Pereira, advogada de 41 anos, esse momento chegou com seu primeiro benefício previdenciário concedido. “Foi quando eu me apaixonei pelo previdenciário, porque a gente vê a justiça social sendo feita”, relembra com o mesmo entusiasmo de quem acabou de descobrir sua vocação.

Hoje, à frente do escritório Andréa Araújo Sociedade Individual de Advocacia, ela atende todo o território nacional. Seu foco é em direito previdenciário e da saúde, especialmente voltado para crianças autistas. Além disso, uma trajetória que começou com duas graduações aparentemente distintas, mas que foram fundamentais para desenvolver sua maturidade. Foi uma jornada que contou com o apoio incondicional dos pais, Albanita Silva e Vicente Araújo Pereira, que sempre incentivaram sua busca por conhecimento.

Essa maturidade, em um mundo que frequentemente celebra o sucesso como um destino final, torna a história da advogada em um estudo sobre o processo. De fato, é uma narrativa que não se apoia em epifanias repentinas, mas na arquitetura consciente de uma carreira, alicerçada por uma qualidade rara: a maturidade aplicada como ferramenta estratégica. Para Araújo, cada dia começa com um propósito nítido: “a certeza de que eu posso mudar a vida de alguém com o meu trabalho”.

A Dupla Formação como Alicerce

Sua trajetória profissional é um percurso de duas graduações. A primeira, em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda, concluída em 2008, serviu como um prelúdio. “Eu sempre quis fazer o curso de Direito”, confessa Andréa. Contudo, a vontade latente se manifestou na metade da primeira faculdade, mas a decisão foi de concluir o ciclo antes de iniciar o novo. Essa pausa se provou fundamental, especialmente com o apoio das tias Hélida Cristina e Alberlita Maria, que sempre estiveram ao seu lado nos momentos de decisão. Ao ingressar no curso de Direito, ela não era mais a mesma. “Eu costumo dizer que o meu curso de Direito eu fiz com uma boa maturidade. Eu tinha uma cabeça totalmente diferente e eu tinha outra visão, eu sabia o que eu queria.”

Essa clareza de propósito foi o diferencial. Enquanto na primeira formação a busca por estágios e a construção de uma rede profissional foram difíceis, no Direito, a experiência foi outra. Dessa forma, conseguiu moldar sua jornada com intencionalidade, buscando estágios em escritórios e compreendendo a importância de se aprofundar nos estudos. “O estágio é muito importante”, ela reitera, “é uma das coisas mais importantes que eu acredito que deve ser feito no período da faculdade”.

Da Vocação Penalista à Justiça Social Previdenciária

Inicialmente, seu interesse pendia para a área Penal. “Meu sonho era ser advogada penalista”, recorda. No entanto, o destino, ou talvez a convergência de oportunidades e propósitos, a guiou para o Direito Previdenciário. A atuação começou por meio de parcerias, e o ponto de inflexão foi visceral. “Depois que eu tive meu primeiro benefício da Previdência concedido, eu vi que realmente era isso que eu queria fazer”. O que a cativou não foi a complexidade técnica da lei, mas seu efeito tangível: “a gente vê a justiça social sendo feita”.

A partir desse sentimento, a construção de sua própria firma começou. O primeiro escritório, em sociedade no centro de Camaragibe, área da região metropolitana da capital pernambucana, foi um passo calculado, buscando uma área populosa. A sociedade, contudo, dissolveu-se por “divergências”, um eufemismo comum para os desafios do empreendedorismo inicial. Apesar disso, Andréa persistiu sozinha.

Resiliência em Meio à Crise

A mudança para Recife marcou um novo capítulo e seu maior teste de resiliência. Ela adquiriu uma sala comercial em estado bruto “sem teto, sem chão, sem nada”, como ela diz. Então, quando as obras começaram, a pandemia impôs o lockdown. “Tive que parar a obra”, relata. O retorno foi um desafio monumental, pois os preços haviam disparado e materiais escassearam. “Foi uma loucura”, descreve. Mas, aos poucos, com a mesma disciplina que hoje prega, ela ergueu o espaço físico que abrigaria seus planos e sua engajada equipe. Nesse período desafiador, o companheiro Nadilson Silva foi fundamental, oferecendo o suporte emocional necessário para que ela não desistisse de seus objetivos.

A Sinergia Entre Saúde e Previdência

O crescimento de sua prática revelou uma sinergia oculta. Andréa percebeu que a luta por um benefício previdenciário era, muitas vezes, o primeiro ato de uma jornada que continuava na área da saúde. “Percebi que dá para fazer a junção desses dois serviços para uma mesma pessoa e assim prestar o serviço e o atendimento de forma completa”, explica.

Essa percepção a levou a uma nova especialização em Direito da Saúde. O foco se afunilou ainda mais a partir de uma colaboração com uma ONG, que a colocou em contato com a realidade de famílias com crianças autistas. Hoje, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) para crianças autistas é um dos pilares do escritório, um trabalho que une sua expertise técnica a uma causa profundamente humana.

Crescimento Estruturado e Visão de Futuro

Nos últimos 12 meses, Andréa investiu em um novo posicionamento digital e viu seu escritório experimentar um crescimento substancial. Como reconhecimento pelo seu trabalho, vieram convites para participação em podcasts fora da capital e em congressos virtuais como o CONOTEA. Com isso, sua resposta não foi apenas aumentar o volume, mas refinar sua estrutura. Ela implementou uma controladoria jurídica. De fato, foi um movimento estratégico para organizar o fluxo de trabalho, acelerar o andamento processual e, principalmente, aprimorar a gestão. Esta decisão foi libertadora. “A controladoria me deixou mais solta para entender o escritório de uma forma macro”, afirma. Gerir sozinha não é fácil, e a delegação inteligente permitiu que ela se concentrasse no que faz de melhor: planejar o próximo grande voo.

Quando questionada sobre um pensamento que representa sua essência, Araújo recorre a uma sabedoria antiga, mas perpetuamente relevante: “Só sei que nada sei”. Para ela, esta não é uma frase de humildade passiva, mas um motor ativo. “Essa frase faz com que a gente busque cada vez mais conhecimento, porque a partir do momento que você acha que sabe de alguma coisa, você realmente não sabe. Então, você fica estagnado.”

Essa busca incessante por aprendizado é o que alimenta seus planos futuros. Em cinco anos, ela se vê em um escritório maior, com mais colaboradores, aprimorando continuamente sua gestão de pessoas, processos e finanças. Afinal, não se trata de crescimento pelo crescimento, mas de ampliar sua capacidade de gerar impacto.

O Legado da Disciplina e Determinação

Sua jornada também foi marcada por um momento crucial de introspecção, uma quebra de paradigma pessoal. “Em um determinado momento da minha vida, eu percebi que era preciso realmente quebrar um paradigma no sentido de olhar para mim, olhar para dentro e perceber as minhas qualidades e perceber que eu poderia muito mais”, revela. Foi um ato de autoafirmação que a impulsionou a sair de uma situação limitante para outra de maior potencial. Como resultado, foi uma mudança interna cujos reflexos se manifestaram em todos os aspectos de sua vida. A base sólida construída com o apoio de sua família — dos pais Albanita e Vicente às tias Hélida Cristina e Alberlita Maria, além do companheiro Nadilson — foi essencial para que ela tivesse a coragem de dar esse salto transformador.

Ao final, o que Andréa Araújo espera deixar não é uma imagem, mas um método. Um legado de “determinação, garra e disciplina”. Qualidades que, para ela, não são traços inatos, mas habilidades cultivadas, tijolos com os quais se constrói não apenas um escritório, mas uma vida de propósito. A maior lição, aprendida fora do trabalho, amarra tudo: “A gente sempre tem que viver como se fosse o último dia”. E, em sua prática, ela vive cada caso como se fosse a única oportunidade de fazer a justiça acontecer.

Revista Paradigma Expressão Ed. IV pág. 20/24 – Agosto 2025.

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