Silvana Amorim desenha sua biografia na medicina com a precisão de quem domina a ciência e a profundidade de quem compreende a alma. De fato, há 34 anos, sua atuação como anestesiologista transcende o procedimento técnico, convertendo-se em um ato de fortalecimento humano.
A base de sua carreira foi solidificada em um feito pioneiro. Nesse sentido, integrou a segunda equipe a realizar transplantes de fígado no Norte-Nordeste, uma experiência na APAF que por 15 anos a posicionou na vanguarda da anestesia mais complexa do organismo. Esse alicerce de competência, construído ao lado de nomes como Cláudio Lacerda e Alex Caetano, foi o que a impulsionou a uma busca perene por evolução.
Mentoria e o Ponto de Inflexão
Essa busca encontrou um espelho e mentor em Romeu Krause, com quem colabora há 19 anos. “Foi me espelhando nele que eu me fiz valer”, revela, descrevendo a parceria que a estimulou a inovar constantemente. Contudo, o ponto de inflexão de sua vida ocorreu longe dos centros cirúrgicos. Isso porque, diagnosticada com câncer de mama por duas vezes, sua resposta à adversidade redefiniu seu propósito.
A Missão de Fortalecer o Próximo
Em vez de perguntar “por quê eu?”, questionou: “e por que não eu?”. Como resultado, essa aceitação radical a levou a ressignificar o estar doente. Ela se recusou a se deixar abater, viajando e mantendo a vida social entre sessões de quimioterapia. Nesse período, contou com o apoio fundamental das suas irmãs, Roberta e Cláudia. “Estamos sempre juntas, na alegria e na tristeza”, reflete.
Além disso, a experiência, segundo ela, não foi um acaso, mas um chamado que a tornou mais humanizada e a capacitou para sua verdadeira missão: “fortalecer o próximo”.
Legado e Vida Pessoal
Hoje, essa filosofia se manifesta em cada interação. Por exemplo, antes de qualquer cirurgia, ela canta, reza e conversa com os pacientes, que frequentemente relatam sentir uma “luz” e uma “paz” que os tranquiliza. Como supervisora da residência médica em anestesia no Hospital Getúlio Vargas, ela perpetua esse legado de cuidado.
Ademais, mãe de Paula, Bianca e Beatriz, sua grande fonte de orgulho, e esposa de Ivanilton Galindo, a quem admira pela resiliência, Silvana vive guiada pela disciplina e pela gratidão. Em suma, sua trajetória é a prova de que a mais alta competência técnica encontra seu sentido pleno quando posta a serviço da dignidade humana.
