Romeu Krause redefiniu os calendários da vida profissional. Ele provou que uma pendência de um quarto de século pode se tornar o estopim para uma nova era de realizações. Tudo começou em uma reunião da Sociedade Brasileira de Ortopedia em Punta Cana. Nesse evento, ele se sentiu um “intruso” entre mais de cem chefes de serviço. Posteriormente, aquele desconforto foi catalisado durante o voo de volta. Foi quando o professor Laredo, um dos grandes nomes da ortopedia nacional, deu um ultimato. Ou ele faria a prova de especialista, adiada por 25 anos, ou a parceria entre eles estaria terminada.
O Desafio da Prova de Especialista
A vida o havia desviado do exame logo após sua formatura em 1971. De fato, a morte do pai o forçou a um retorno precoce a Recife. Ali, a necessidade de trabalhar se sobrepôs à recém-instituída titulação. Apesar disso, aos olhos de muitos, a decisão de encarar o exame tardiamente era uma loucura. Afinal, colegas alertavam sobre a vergonha de uma possível reprovação. No entanto, sua resposta foi definitiva: “Rapaz, eu vou fazer”.
O dia da prova se tornou um episódio folclórico. Confundido com um examinador devido à idade, ele esperou o resultado no carro, tenso. Finalmente, um colega trouxe a notícia com um sorriso: “O bicho, tu passaste em 10º lugar”. A ligação para o professor Laredo selou a anedota com um humor cortante do outro lado da linha: “Você tira uma nota dessa, você me compromete até a alma”.
A Mente por Trás do Voo Solo
Esse episódio revela um homem com uma mente que ele chama de “compartimental”. Ou seja, uma disciplina deliberada para isolar e resolver problemas em seus devidos lugares, sem contaminação. Essa mesma clareza o guiou em 1998 para seu “voo solo”. Dessa forma, de modo transparente, anunciou aos sócios de uma clínica estabelecida seu desejo de criar algo novo. Assim nasceu o Itork, Instituto de Traumatologia e Ortopedia Romeu Krause. O que começou com quatro sócios se transformou em uma equipe de mais de vinte profissionais em um prédio de quatro andares. Atualmente, eles realizam cerca de 5.000 atendimentos mensais, com as responsabilidades divididas com seu filho, Marcelo, e o colega Stemberg Vasconcelos.
O Legado de uma Trajetória
O sustentáculo de toda essa trajetória de cinco décadas é sua esposa, Hosana, seu “grande porto seguro”. Além disso, o percurso profissional o levou à presidência da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Contudo, seu maior feito, para ele, não reside em títulos. Para ele, o verdadeiro legado é a reputação: “O orgulho dos filhos de dizer assim: ‘Meu pai foi gente’”. Em suma, nesse desejo reside o propósito de um homem que prova que a coragem de se testar não tem idade. Acima de tudo, ele mostra que o maior sucesso é, simplesmente, fazer o bem.





