Edísio Pereira Neto
Economia Geral Millennial

Edísio Pereira Neto: Um Marco Zro

Foto Bruno Lima

O recifense Edísio Pereira Neto (32) ainda frequentava a escola quando começou sua trajetória no mercado de trabalho. Brinca que na época pensava que não fazia nada pois ficava o tempo inteiro no MSN. Por outro lado, revela que o tempo que passou no ambiente onde negócios eram feitos foi fundamental para despertar sua veia empreendedora. O pai, Edísio Pereira Filho, incentivou desde novo a acompanhá-lo no trabalho. Foi seu grande incentivador quando decidiu começar a empreender aos 16 anos de idade com a Europa Câmbio. Esse foi seu primeiro sucesso profissional, que nasceu com o intuito de atender ao mercado local, sem pretensão de crescimento exponencial. 

Na época da Copa do Mundo, a empresa cresceu e se tornou a maior empresa de câmbio do Nordeste. Contando com 15 pontos de atendimento espalhados pela região. Com isso, veio a proposta de vender a empresa para o Grupo B & T. Decisão que não foi fácil de tomar por se tratar de sua história, mas que tomou e considera que foi a época em que mais cresceu profissionalmente. 

Recebeu parte do pagamento em dinheiro e parte em participações do novo grupo. Foi morar no eixo Rio-São Paulo com o objetivo de crescer o modelo de negócio que tinha desenvolvido. Antenado ao mercado, percebeu que logo as novas tecnologias iriam destruir seu negócio, se ele próprio não o destruísse antes. Foi aí que fez um trato com seus sócios para que eles liderassem a parte tradicional do negócio e ele focasse exclusivamente na sua inovação. 

Edísio Pereira Neto: Zro Bank

Do seu empenho e visão, nasceu o Zro Bank. O primeiro banco digital do Nordeste e o primeiro a aceitar criptomoedas como forma de pagamento. Com poucos meses de lançamento, atingiu a marca de 300 mil downloads. Nos próximos cinco anos pretende ser um banco digital internacional, atingindo uma base de 2 milhões de usuários ativos na plataforma. Além disso, pretende oferecer uma conta internacional para o usuário, onde ele poderá ter contas em diferentes moedas, como dólar ou euro. 

Edisinho, como é chamado pelos mais íntimos, dividiu sua moradia entre Recife e São Paulo desde que era criança. Por isso, teve a oportunidade de aprender e estudar em diferentes colégios durante sua vida acadêmica e quando chegou na faculdade, entendeu que o ensino tradicional padroniza as pessoas ao invés de incentivá-las no que são boas.

Escolheu cursar Administração, porém brinca que a faculdade não o ensinou a contratar e demitir ou o que fazer quando a empresa está sem dinheiro. Em sua visão, a faculdade foca mais no ensino teórico e percebeu que aprendia muito mais no seu dia a dia, empreendendo, do que estudando. Então decidiu largar a faculdade faltando um ano para se formar e afirma que não tem vontade nenhuma de voltar porque fez cursos de especializações que têm mais a ver com sua área de atuação. “Hoje eu tenho cursos com certificados de importação e exportação, mercado internacional, comércio exterior, marketing digital, banco digital, fintech, enfim, tudo que é mais voltado para o meu negócio em si”, esclarece. 

Eixo Rio-São Paulo

Embora tenha vivido por um tempo em São Paulo, que é um dos grandes centros comerciais do mundo, escolheu sediar sua mais nova empreitada em Recife, com um nome que faz alusão a um dos monumentos mais históricos da capital, o Marco Zero, que fica localizado na Praça Rio Branco, no bairro do Recife. Para Edísio, um polo afastado de São Paulo deveria fazer parte da estratégia de qualquer empresa por oferecer uma boa relação de custo/benefício, pois o custo de vida é muito menor do que na capital paulista. “A gente contrata um profissional aqui em Recife por um preço três vezes menor do que em São Paulo, e não é por questão de qualidade, é simplesmente por questão de custo de vida”, assegura. 

Para o empreendedor, o marco de criar o primeiro banco digital do Nordeste em Recife foi fruto da união do time, que é mais enraizado do que em outros polos tecnológicos do Brasil. “Em São Paulo a gente vê muita gente boa, mas que roda muito nas empresas. Recife, por ser um lugar menor onde a gente tem mais proximidade, onde as pessoas conhecem umas às outras, isso traz uma raiz mais forte com o banco. Então as pessoas têm muito orgulho de criar aquele projeto, de criar um algoritmo novo”, admite. 

Família

Ed, como também é conhecido pelos mais íntimos, sempre foi muito próximo a sua família. Tem boas recordações da infância, quando veraneava com seus primos em Itamaracá, no litoral norte pernambucano. Conta que seu pai sempre foi referência de trabalho para ele. Diz, ainda, que se tem alguém que o instigou a ser uma pessoa responsável desde cedo, é seu pai. Sua mãe, Teda Pereira, que descreve como sendo uma mãe protetora dos filhos, trabalha junto com ele até hoje e confessa que ela é a primeira pessoa para quem liga quando tem algum problema. 

É casado com Reiville Santos (32) e moram com a filha Mel (3) e a cadela golden retriever Laka (5). A atividade favorita deles é sentarem juntos vendo o mar e cantando músicas como “Trevo” no cômodo favorito da casa. Embora tenham passado por uma fatalidade recentemente, podemos sentir a união e resiliência da família nas palavras do pai:

Edísio Pereira Neto: Superação

“Perdemos um filho recentemente com oito meses e foi um impacto muito grande. Nós sempre conversamos desde que namorávamos que teríamos dois filhos, um menino e uma menina. A gente teve os dois e perdeu esse filho agora. Mas minha esposa foi um exemplo de superação, porque a parte principal era cuidar de Mel. É engraçado porque a gente pensa que uma criança de dois anos não vai sentir, mas foi impressionante como ela entendeu o que estava acontecendo. Hoje quando as pessoas perguntam se ela tem um irmão, ela diz que tem, mas ele é um anjinho e mora no céu. Então ela entendeu porque por oito meses a vida dela era acordar e brincar com ele. Foi um baque muito grande para todos nós e eu passei um mês parado em casa. Logo percebi que precisava voltar para o trabalho, precisava ativar minha cabeça novamente para não entrar em um retrocesso. E minha esposa segurou a ponta, ainda mais em um momento de pandemia, sem nossa filha ir para a escola e sem as pessoas que a gente gosta por perto. Então quando eu olho para a minha esposa, eu reconheço que não teria chegado até aqui de forma alguma se ela não tivesse todo esse cuidado com o que realmente tem valor para mim.”

Sócios

O que era dor, hoje virou saudade. Relata que foi sua filha que o fez perceber que tinha que tomar conta da situação porque afinal de contas ela depende dele. Foi então que mandou um e-mail para os funcionários da empresa – que haviam parado de se comunicar com o CEO para respeitar seu momento – pedindo para que para que por favor voltassem a ligar e ativá-lo. Revela que teve que voltar a se sentir útil para não entrar em uma depressão e que a receptividade de toda sua equipe nesse momento foi fundamental para continuar seguindo em frente.

Edísio Pereira Neto: Valores

Equilíbrio e resiliência não são apenas palavras na vida de Edísio, que tem esses valores intrínsecos em sua natureza. Além de sua história pessoal, com o Zro Bank, mostrou que é possível criar algo do zero, mesmo depois de ter passado 15 anos tocando a mesma empresa. Junto com seus sócios Marco Canut, CTO, e Sergio Massa, COO, o Zro Bank vem provando que o mercado financeiro é muito antigo e ultrapassado. Eles estão reescrevendo a história do mercado financeiro e mostrando que nenhum segmento está imune às mudanças inerentes ao desenvolvimento global e que foi turbinado com a pandemia.

Geração Z

Focado em atender o público da geração Z, que são aquelas pessoas que nasceram no fim da década de 1990 e que possuem uma relação de intimidade com a tecnologia e o meio digital, o Zro Bank vem quebrando os paradigmas do mercado. Além de ser um banco digital, conta ainda com uma plataforma de câmbio e uma carteira digital. Edísio conta que cada produto foi detalhadamente pensado para que o seu cliente possa resolver tudo em três cliques, de forma 100% digital. O modelo de negócio foi especificamente desenhado para atender ao público que já usa moeda digital e aos que são desbancarizados, pessoas que querem um banco que não cobre taxas. 

Investimento

Com a primeira rodada de investimento na ordem de R$ 7 milhões, o banco digital contratou consultoria da Deloitte e vai fazer outra rodada no montante de R$ 20 milhões. Edísio explica que o plano de expansão é muito específico. Envolve a disponibilização de pagamentos internacionais através do aplicativo e a oferta de um cartão internacional para os mais de dois milhões de clientes que já usam o serviço de câmbio do Grupo B & T em suas 200 lojas espalhadas pelo Brasil. A meta do visionário é que seus clientes nunca mais precisem ir em uma casa de câmbio. “É um trabalho de formiguinha, mas a gente tem tudo estrategicamente definido”, complementa. 

O começo

Quando um amigo que morava em Las Vegas lhe deu seus primeiros 10 bitcoins em 2015 e a criptomoeda ainda valia menos de R$ 1 mil, a reação inicial do empreendedor foi igual ao da maioria das pessoas. Pensou: “É bom demais para ser verdade, só pode ser uma pirâmide.” Mas seu amigo, Guga, insistiu e disse assim para ele: “Você só me paga de volta quando souber o que é”. Hoje esses 10 bitcoins valem mais de R$ 1.700.000,00 (um milhão e setecentos mil reais) . É um mercado novo e que só faz crescer a cada dia. E foi esse o incentivo que Edísio Pereira Neto precisou para mergulhar profundamente em um oceano azul. Estudou sobre o mercado, aprendeu, nunca mais parou e percebeu que teria que adaptar seu negócio para continuar no mercado.

A princípio, por se tratar de um assunto que era completamente desconhecido, confidencia que nem sempre foi fácil. No começo, a ideia era oferecer máquinas que convertiam criptomoedas para o real, porém percebeu rapidamente que seria mais vantajoso se tornar um banco digital. Também declara que havia preconceito em roda de amigos que hoje o elogiam, mas que na época banalizavam o assunto fazendo piadas e dizendo que o cripto era uma bolha que um dia ia estourar. 

Edísio Pereira Neto: Criptomoedas

O detalhe é que o cripto é um ativo que só em 2020, valorizou mais de 400%. Certamente quando você tiver lendo essa matéria, vai ter valorizado mais ainda. Edísio explana que o que o faz valorizar tanto é a sua escassez. “Quase todos os bitcoins já foram emitidos, não dá para criar um bitcoin hoje em dia. Se alguém quiser comprar, vai ter que comprar de outra pessoa. Isso tende a ficar mais caro. Inclusive, tem um dado que diz que só 2% da população mundial sabe o que é bitcoin. E ele já vale mais de R$ 100 mil. Imagina cada 1% a mais da população que souber, quanto ele pode valer”, reflete. 

Explica, ainda, que o maior valor do bitcoin é que ele não está atrelado a nenhum governo, a nenhuma pessoa.

“O bitcoin é um sistema testado que existe há mais de dez anos e que nunca deu problema. Não existe um dono do bitcoin, que não é uma empresa e nem tem diretor. É um sistema que qualquer pessoa pode baixar no computador e começar a ajudar ele a trabalhar. O cara que criou o bitcoin foi tão inteligente que ele criou um sistema onde é mais lucrativo você colaborar com ele do que tentar trapacear nele. E por não depender de nenhum tipo de pessoa, você não tem risco de instabilidade quando sai uma notícia no jornal, por exemplo”

Edísio Pereira Neto: Hobbie

Frequentador do Recife Tênis Clube, Edísio Neto tem como hobby jogar Squash. Dessa forma, nos fins de semana gosta de receber amigos em sua casa ou ir para a casa dos seus amigos tomar vinho e conversar amenidades. 

Edísio Pereira Neto: Empreendedor em série

Edísio é o que podemos chamar de empreendedor em série. Afinal, além de ser CEO do Zro Bank, também atua na mesma função na fintech BitBlue, que lida com o trade de criptomoedas. Na B & T Corretora, empresa que lida com operações de pagamentos internacionais, faz parte do conselho, onde toma algumas decisões mais estratégicas para o grupo. Por outro lado, na Europa Câmbio, rede de lojas de câmbio, participa trazendo alguns insights dos relatórios apresentados para o seu irmão Paulo e Betão, que cuidam da operação.

Pandemia

Da mesma forma, quando chegou a pandemia, das quatro empresas, só rede de câmbios sofreu, por causa da proibição de viagens. “A Europa Câmbio ficou muito mal porque as pessoas foram proibidas de viajar. Então hoje o volume das lojas é de aproximadamente 10% do que era no ano passado. A gente espera que tenha uma demanda reprimida, quando grande parte da população se vacinar e voltar a viajar”, expõe. 

A B & T Corretora se saiu muito bem, pois as operações de importação e exportação continuaram acontecendo bastante, mesmo com o dólar alto. 

Em conclusão, a cereja do bolo de Edísio foram as duas empresas que se dedica diariamente: Zro Bank e BitBlue. “O Zro Bank de fato tem se saído muito bem, porque mostrou para as pessoas que o banco digital é uma tendência que veio para ficar. E a BitBlue tá surfando uma onda muito boa com os recordes de valorização do bitcoin”, finaliza. 

GRUPO PARADIGMA

Manu Asfora
Publicitária com especialidade em conectar marcas a pessoas, é a responsável pelo sucesso editorial que confere a Paradigma Jurídico o título de líder do setor editorial jurídico impresso em Pernambuco.

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