Foto Bruno Castanha
Advogada por paixão, professora por vocação e voluntária por missão, Renata Berenguer de Queiroz Moreira (31) descobriu ainda jovem que iria ser advogada. Aos 8 anos de idade, ficou indignada com a prisão do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto (Lalau), que foi preso por desviar recursos na construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP) e naquele momento decidiu que iria fazer Direito.
A hoje gestora jurídica e diretora mais nova da Escola Superior de Advocacia de Pernambuco (ESA-PE) prestou vestibular aos 17 anos e já começou a estagiar. Passou por grandes escritórios antes de entrar para a vida corporativa como Bezerra de Souza Advogados, Queiroz Cavalcanti, Siqueira Castro e Albino Advogados Associados. Relata que os grandes desafios de sua carreira profissional começaram quando entrou na multinacional do ramo de segurança Prosegur e começou a viajar pelo Brasil inteiro. Passou também pela Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário e depois foi para uma das maiores empresas de Tecnologia da Informação do Brasil, a MV Sistemas.
Filha de Conceição Aparecida Berenguer de Queiroz e irmã de Maria e Daniela, Renata foi a única da sua família a se enveredar para o ramo advocatício. Sua família tem fortes fundamentos religiosos e revela que advogar faz parte de sua personalidade. Seu pai, Reginaldo Leão de Queiroz, quase chegou a ser padre, largando a batina só nos últimos votos, quando teve que decidir entre construir uma família ou o celibato. A cristã encontrou nos dois primeiros mandamentos da bíblia – amar Deus sob todas as coisas e ao próximo como a si mesmo -, uma maneira de simplificar a sua vida. Brinca que sua profissão é resolver problemas e aplicando os mandamentos consegue resolver vários problemas de maneira prática.
Berenguer afirma que ajudando os outros consegue se eternizar, e que por isso, achou na docência a sua vocação quando percebeu que seria capaz de transformar o mundo através da educação. Desde a faculdade tirava dúvidas e ajudava seus colegas, mas o estalo só veio quando foi monitora de curso preparatório e conseguiu ajudar um dos alunos que tentava há muitos anos passar no exame da Ordem. Começou a dar aulas particulares e só assim ele conseguiu realizar seu sonho. A partir daí, foi um caminho sem volta. “Eu sempre quis ser professora e com essa aluno como meu ‘cartão de visitas’, no próximo exame minha agenda já estava cheia”, lembra a professora, que tem no currículo passagens por instituições como Espaço Jurídico, CERS e o maior aplicativo jurídico do Brasil, OAB de Bolso.
Pernambucana com orgulho, exerce sua vocação de transformar o mundo através da educação com sua atuação – de forma voluntária – como diretora tesoureira da ESA. Tudo começou pela facilidade que tem em se comunicar e pela afinidade com o ambiente de palestras. Por causa disso, foi convidada por representantes da Ordem dos Advogados de Pernambuco (OAB-PE) para participar de uma palestra no Sertão pernambucano. Única mulher a aceitar o convite e participar da caravana, descreve de maneira emocionada o momento que foi muito marcante em sua trajetória: “Chegamos no auditório de uma universidade por volta das 21h e eu pude sentir o carinho do povo sertanejo que queria fazer Direito, com muita sede de conhecimento. O auditório estava lotado, com mais de 400 pessoas, e naquele momento o então diretor geral Carlos Neves virou para mim e falou que teria que mudar o tema da palestra que eu ia dar. Não sabia ele que eu, professora de cursinho preparatório para concurso público onde os alunos são super afiados, já estava acostumada a me virar nos 30. Eu palestrei sobre o novo tema e quando terminei, foi um sucesso! Todo mundo adorou. Foi um momento lindo da minha carreira que foi importante para aquele povo porque a gente levou muito conhecimento que na época era mais difícil de se ter por causa da distância com a capital. Desse grande desafio que foi a mudança de tema de última hora, que eu consegui tirar de letra, a ESA não me largou mais e a partir daí participei de vários projetos diferentes e conheci muitas cidades do interior. Sempre como voluntária, porque eu realmente acredito que a gente pode transformar o mundo com educação e isso tem tudo a ver com a minha personalidade.”
Para chegar ao cargo, teve que primeiramente prestar serviço à classe para depois ter seu trabalho reconhecido, como ressalta: “Deu muito certo, até que lá na frente me fizeram o convite para ser diretora da ESA. Não conheço ninguém na política, meu pai não era advogado, não conheço absolutamente ninguém ligado a isso. O convite foi realmente fruto do meu trabalho e muita dedicação. Aceitei e mergulhei de cabeça com o objetivo de levar para a advocacia o conhecimento que eles merecem e têm direito a ter. Então transformar a vida das pessoas através da educação, e com a ESA – que é uma escola exemplar -, tem sido muito gratificante. De lá para cá, a gente vem trabalhando bastante. A atual gestão conseguiu fazer no primeiro ano mais eventos do que os últimos três da gestão anterior. E olhe que a gestão anterior era sensacional. Agora o grande desafio é convocar a advocacia para que ela construa junto com a agente novas oportunidades de aprendizado.”
Enquanto mulher, professora e profissional tem a missão de inspirar outras advogadas a saírem da zona de conforto, terem coragem e se unirem a pessoas que querem fazer a diferença no mundo.
