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A Coragem de Habitar o próprio mundo

Na rotina de Tarcila Pacheco existe uma equação silenciosa, onde as variáveis são saúde, família e trabalho, e o resultado almejado é uma forma peculiar de equilíbrio.

“Para mim, hoje, sucesso é conseguir o equilíbrio entre a minha saúde, a minha família e o meu trabalho”, define a advogada especializada em direito previdenciário, com uma clareza que só quem atravessou o caos consegue ter.

Do Crescimento a Qualquer Custo ao Colapso Pessoal

Essa definição, hoje tão cristalina, contrasta com a mentalidade de cinco anos atrás, quando sua balança pendia para outro lado. Naquele tempo, o faturamento crescia, mas os limites não existiam. O corpo, eventualmente, apresentou a conta: um problema de coluna que a acompanha até hoje forçou uma revisão completa de prioridades.

“Eu descobri isso da pior maneira possível”, admite. O início da carreira autônoma trouxe resultados financeiros, mas também a ausência total de fronteiras. “Teve um momento da virada que foi por mal, foi por saúde.”

A Rotina Matinal Como Território Sagrado

“Eu acordo 5h, 5h30 da manhã todos os dias para dar conta da minha vida”, revela Tarcila. A rotina matinal não é apenas um hábito, é um território sagrado. Um turno dedicado exclusivamente a si mesma antes de se entregar ao mundo. “Primeiro eu cuido de mim.”

O ritual é inegociável: exercícios, café da manhã tranquilo na companhia de seus cães, e o tempo necessário para se organizar. Somente então, por volta das 10h, ela se desloca para o escritório. Afinal, essa estrutura, hoje tão sólida, foi construída sobre os escombros de um colapso pessoal.

O Ponto de Virada: A Descoberta da Autorresponsabilidade

Foi preciso entender que “eu sou uma empresa. Para que eu, Tarcila, chegue todo dia, esteja disposta para entregar o meu melhor, isso custa. E aí eu demorei para entender isso.”

O ponto de inflexão definitivo veio através de uma frase aparentemente simples de uma nutricionista: “Nossa, Tarcila, você gasta muito dinheiro […], você não tem resultado. Por quê? Você não faz da tua parte.” Essa observação se tornou o catalisador de sua filosofia central: a autorresponsabilidade.

“Toda vez que eu olho para qualquer situação que não me agrade, eu analiso qual é a minha responsabilidade”, explica. “Eu sempre chego à mesma conclusão, cada um merece estar onde está.” Essa mentalidade a posiciona simultaneamente como protagonista de sua vida e como sua crítica mais honesta. “Se o fulaninho me faz mal, a culpa é minha. Porque se for a primeira vez, beleza. A segunda fui eu que permiti.”

O Fantástico Mundo de Tarcila: Uma Escolha Consciente

Para se proteger do desgaste, Tarcila optou por uma curadoria radical de informações e energias. Em suas palavras: “Eu prefiro viver só o mundo que eu construí”, declara. “A Tarcila vive no fantástico mundo cor-de-rosa dela. Que que tem no meu mundo? Tem a minha saúde, meus exercícios, meus cachorros, minha família e os meus velhinhos do INSS. E ponto final.”

Contudo, ela chama isso de escolha consciente, não alienação. Afinal, baseada na neurociência, ela entende que o cérebro não distingue a tragédia assistida da vivida. É por isso que ela conclui: “Eu passei a selecionar a energia que eu quero. E aí essa energia de tristeza, de desgraça, de infelicidade, de guerras, eu prefiro me manter longe.”

Da Formalidade à Autenticidade: A Missão Digital

A mesma filosofia a guiou em seu posicionamento digital. Após ouvir de uma conhecida que seus vídeos técnicos “não pareciam com você”, ela abandonou os roteiros formais para ser na internet quem ela é na vida real.

Hoje, sua ambição transcende a captação de clientes. “A minha missão é ajudar mulheres, inspirar mulheres a serem quem elas querem ser, e não o que as pessoas dizem que elas precisam ser.”

Gerindo a Si Mesma para Conquistar o Equilíbrio

Mesmo realizando seus objetivos, Tarcila ainda cultiva sonhos, mas vive ancorada na certeza de que a vida acontece na ação. “Eu falo muito, mas eu faço muito mais. Eu sou uma máquina de fazer.”

Uma fazedora que aprendeu que, antes de gerir um escritório, é preciso gerir a si mesma. Que para fazer a diferença no CNPJ, é necessário, primeiro, cuidar da saúde do próprio CPF.

A matemática de Tarcila Pacheco prova que o equilíbrio não é um estado passivo, mas uma conquista diária. Uma equação que exige disciplina, autenticidade e a coragem de filtrar o caos para proteger a energia vital. No final, ela descobriu que o sucesso não é um conceito, mas uma prática deliberada de autorresponsabilidade.

Revista Paradigma Jurídico Ed. IV págs. 62/63 – Agosto 2025.

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