Em primeiro lugar, a célebre frase de Picasso: “Eu não procuro, acho”, dá um destino criativo ao tempo, ao desejo. Esse mesmo desejo que Freud nos lembrou muito bem: de não ficarmos aprisionados no talvez, imersos em um território de indeterminação.
A neurose está exatamente nesse lugar, nos impedimentos e insatisfações, que gozam na insistência de um tempo que gera o não cessar de uma procura, pois tem na perda de tempo, a sua verdadeira paixão.
Podemos comparar a neurose como o prazer da masturbação…é bom, dá prazer, atingimos o gozo, porem não vamos para o ato.
“Eu não procuro, eu acho”
“Eu não procuro, eu acho”, é o meio do qual se eliminam as perdas de tempo em sua vida, depressões, justificativas. Impossibilidade de decidir. É quando não se quer mais gozar nas doentias esperas, nas vielas do medo de achar. O “não procuro, acho” remete, pois, ao sujeito a responsabilidade solidária, a querer aquilo que deseja, o sujeito não mais se perde nas enganosas trilhas de um itinerário vazio. Ele acha, paga o preço da sua escolha, não se ilude mais com o fascínio da dúvida.
Contudo, quando você procura, mas acha, você sustenta aquele momento de profunda solidão, esse momento fértil de um encontro consigo mesmo em que você se vê atravessando pela ética do seu desejo. Você não espera nada de ninguém, nada que possa vir de um outro, pois você encontra no real da experiência, aquilo que buscava.
Como dizia Freud: a neurose ataca nossa possibilidade de amar! A abordagem analítica é muito rica, tinha que ser acessível a todos, porque ajuda o sujeito a ilustrar a vida, a elaborar suas questões, seus conflitos de uma maneira geral.
Em suma, vamos pensar: para que serve o tempo cronológico? Para não perder tempo, oras!
Portanto, chega de ficar procurando, ache! Sustente suas escolhas e aproveite o caminho.





