A vida cotidiana pode ser bastante enfadonha se o sujeito estiver imerso nas futilidades e distraído com as coisas efêmeras da vida. Convenhamos que isso ocupa um lugar privilegiado na vida de muitas pessoas e para muitos por bastante tempo. Mas até para esses, há de chegar a hora em que essas coisas não preencherão mais o inevitável vazio que nos desampara desde sempre, e será percebido que o que verdadeiramente nos impulsiona é um cotidianos em que as coisas, as tarefas, as pessoas, se tornam leves pelo sentido estético, sensorial, que esse cotidiano atinge. As sensações causadas pela “beleza das coisas” inundam as dificuldades e as tarefas, presenteando as pessoas com a experiência inefável da vida.
Nietzsche, conhecido como filósofo do niilismo, era conhecido também como filósofo de Eros e nos trouxe a idéia de um vínculo essencial além da excitação que nos motiva a sair da cama todos os dias por motivos mais nobres, ele nos reforça que precisamos enfrentá-lo de modo que ele não nos paralise. Sem vencer o medo e o novo, do seu jeito, e não da forma como tudo é “imposto” por uma realidade ilusória, nunca teremos o tesão verdadeiro pela vida em nossa essência. Inexoravelmente a vida será sempre cheia de riscos, riscos necessários.
A excitação pela vida morre quando não limpamos o cotidiano de ruídos e riscos na tentativa de higienizar a vida, nos tornando uma espécie de paranóicos. Você acorda e tudo o que vê deve ser dissociado do engano, da insegurança, da dúvida. Vale mencionar também que os projetos que não tragam valor agregado ao mundo material, te farão sentir improdutivo, desinteressante. Essa é a fórmula que facilmente lhe conduzirá à inércia e a perda de excitação pela vida. Não há vida que brilhe nesse cenário cinzento, não há alma que brilhe num cenário assim.